sábado, 15 de setembro de 2012

Sinal de trânsito





Na volta para casa, ao anoitecer,
a lua, a quarenta por hora na placa de velocidade permitida.
Nem diminuí quando ela me viu.
Escondeu-se no amarelo gema da faixa contínua.
Me deu passagem para a contramão.
Peço não perguntarem para onde eu ia.
Talvez, nem mesmo a lua soubesse.
@anaribeiro

sábado, 28 de julho de 2012

Asas

                                                                                 

















O osso do pássaro é oco.
O osso do pássaro é pouco.
O osso do pássaro é louco.

Por isso o voo tão largo.
Por isso o voo. @anaribeiro


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Um corpo para quê?

                                                                                           © Ozias Filho


O corpo.                                        

Um corpo estranho.
Esse estrangeiro sem tamanho.
Tão opaco quando nu.

Tão opaco quanto nu.

Quando fôrma:
Óvulo-sêmen.
Metade.


Quando prazer:
Nem  macho, nem fêmea.
Vontade.

O corpo.
Tão opaco quando nu.
@anaribeiro







sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cerco

                                                                                                       © Ozias Filho



Cada passo para frente não foi dado.
Assim como em um sonho de pernas desobedientes e respiração ofegante,
Sinto o peso da presa que não se desloca e a ameaça predadora ao encalço.



Há décadas, impelida à exaustão para um onde sem direção,
sempre à caça,


Corro sem sair do lugar.
Já não há chegadas possíveis quando a imposição da viagem é eterna.

Pensar é paralisante.

Às vezes é preciso ficar.
Não ir também é revolucionário.
@anaribeiro








domingo, 24 de junho de 2012

Virtude

Então se perdeu.
Era uma noite sem estrelas.
Não houve testemunhas para sua tragédia.
Aplaudiu de pé quando o pano caiu no teatro vazio.
Perdeu-se.
E foi lindo.
@anaribeiro


sábado, 23 de junho de 2012

Bordões e bordéis

O desamparo
o desespero
o desengano
o desencanto
o desalento

O desafio

O desabafo
o desapego

O desvario
o  desatino

A destreza
@anaribeiro






Batismo

 Seu nome na minha boca. Macio e doce na aspereza da minha língua. Ao dizê-lo, te construo, E te faço imagem e semelhança do amor que tenho....