sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cerco

                                                                                                       © Ozias Filho



Cada passo para frente não foi dado.
Assim como em um sonho de pernas desobedientes e respiração ofegante,
Sinto o peso da presa que não se desloca e a ameaça predadora ao encalço.



Há décadas, impelida à exaustão para um onde sem direção,
sempre à caça,


Corro sem sair do lugar.
Já não há chegadas possíveis quando a imposição da viagem é eterna.

Pensar é paralisante.

Às vezes é preciso ficar.
Não ir também é revolucionário.
@anaribeiro








domingo, 24 de junho de 2012

Virtude

Então se perdeu.
Era uma noite sem estrelas.
Não houve testemunhas para sua tragédia.
Aplaudiu de pé quando o pano caiu no teatro vazio.
Perdeu-se.
E foi lindo.
@anaribeiro


sábado, 23 de junho de 2012

Bordões e bordéis

O desamparo
o desespero
o desengano
o desencanto
o desalento

O desafio

O desabafo
o desapego

O desvario
o  desatino

A destreza
@anaribeiro






domingo, 17 de junho de 2012

Espera

Recolho as vestes sujas de ontem
Até os joelhos erguidas, esperam.
Os pés estão limpos, ainda.
Meus braços doem segurando o tempo.
Envergonhada, orgulho-me de tamanha nudez.
Recolho as vestes sujas de ontem.
Prefiro o frio. E os passos que ainda não dei.
@anaribeiro

Sentença

 Todo mundo vai morrer. Mas ninguém devia morrer de câncer. Porque de câncer não se morre... se vai morrendo... O gerúndio como o grande mal...