sábado, 18 de maio de 2013

Álbum de família


Uma história se esconde por detrás do papel brilhante do álbum de fotografias,
encoberta mil anos pelo lustro dos sorrisos e dos abraços.
Ainda assim, há memórias quase invisíveis, não fossem as sombras nos negativos.

Não há vida que se mostre nos retratos, sempre estáticos.
Há uma cera, uma tinta, um batom, um salto, a roupa nova, o mar ao fundo.
A felicidade cristalizada nas mãos que se tocam, na brincadeira das crianças.

Capturada para sempre. 

Benditas sejam as molduras que seguram outras verdades em dimensões proibidas.
@anaribeiro



quarta-feira, 1 de maio de 2013

Beleza

Acolho o dia como quem colhe uma flor
Como quem sorve aos poucos
o remédio amargo na pontinha da colher.
Lembrança de mãe, de febre quente.
O sol esturricando rancores,
Tostando os amores lá fora.

O dia murcha como a flor sem vida
enfeitando um copo qualquer.

Para essa dor sem cura não há remédio.
Recolho o que sobra de perfume e cor.
Há febre ainda em minhas mãos  frias.

Acolho a dor
e durmo em paz.
A manhã é nova
e a flor.
@anaribeiro



Sentença

 Todo mundo vai morrer. Mas ninguém devia morrer de câncer. Porque de câncer não se morre... se vai morrendo... O gerúndio como o grande mal...