quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Final infeliz


Te falei da peia.
Dourou a pílula.
Sacudiu a poeira.

Te falei do ócio
Te falei da dor
Não quis nem saber
Nem tirar, nem  por.

Te falei que eu ia
Nem usei de tática.
Me olhou, nem gastou saliva.
Te falei que eu ia.

Ficamos assim,
sem eira nem beira,
na rua da amargura
como bem se dizia.

Eu tiro de letra esse drama barato.
Você nem se fala. Rasgou o retrato.

A vida é tão pobre. Esse romance
Não tem nada de nobre.
É como outros tantos iguais por aí.
Não vale um poema.
@anaribeiro

9 comentários:

  1. E quantos há que não valem um poema...
    Mas, mesmo assim, nós que em tudo vemos poesia, insistimos. E decoramos até mesmo os finais infelizes com as flores dos nossos olhares!

    Adorei,Ana! Beijos!

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  2. Hum poema ,sempre,vai ser poesia e como toda poesia,por si só é uma maravilha..

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  3. Existem romances que não são nada nobres,mas sempre se poderá tirar poesia deles, mesmo que pequenos e mundanos.

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  4. Não vale um poema?
    Valeu muito esse sim!
    Quem não vale um, ganha pelo menos um, quem não vale nenhum é que não fica com nada (ou com mil... vai saber?)
    Fiz algo com a temática
    http://poetasdemarte.blogspot.com/2012/02/historinha-romantica.html
    Já estou te seguindo. Que bom encontrar seu blog.

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    1. Oi Lucas. Seja bem vindo ao digintimos. Obrigada por comentar. Espero que volte sempre. Uma abraço.

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  5. gostei da ironia, o velho paradoxo da dor amorosa, o que não vale um poema dá sempre os melhores poemas.
    obrigado pela visita ao Casa de Paragens

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  6. "A vida é tão pobre. Esse romance
    Não tem nada de nobre.
    É como outros tantos iguais por aí.
    Não vale um poema."

    O poema inteiro é rico e cheio de originalidade, mas essa última estrofe é sensacional.

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Sentença

 Todo mundo vai morrer. Mas ninguém devia morrer de câncer. Porque de câncer não se morre... se vai morrendo... O gerúndio como o grande mal...