quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eu: um delírio

Um ano sem  "moreno". In memorian reedito  esse poema homenagem.

Existir é absurdo.
Eu não existe mais - e o pão está na porta.
Eu não existe mais - e mais cinco refinarias construídas.
Eu não existe mais - e vão eleger novo presidente.
Eu não existe mais - e o sol está lá fora.
Eu não existe mais. Apenas ele agora. A terceira pessoa, referida. Vista de fora. Apenas ele existe, a palavra oca e murcha, o verbo, o que restou do eu (que foi?) ele também já agonizante.
Existir é absurdo. A poesia é absurda.
Se ao menos planta, bicho,  corpo reincorporado na terra.
Mas, não. Gente. Absurdo. Lacuna indissolúvel para outros eus, enquanto forem.
Eu não existe mais.
Eu: um absurdo.
Para Renato (1964 - 2010)

5 comentários:

  1. Mas é que em nossos Eu's (maiores) ele continua a existir. Moreno. De saudade!

    ResponderExcluir
  2. LAMENTAVEL .....
    SAUDADES ETERNA DO NOSSO IRMÃO (RENATO-MORENO).

    ResponderExcluir
  3. Olá! Gostei daqui! Também gostei que gostou de lá!

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Olá! Obrigado, que bom que você gostou do jardim. As flores por aqui também são lindas, me encatei pela sinceridade.

    ResponderExcluir
  5. Um poema intenso, sincero, movido pelo pasmo, pelo incompreensível, pelo absurdo que aflige o afeto e a razão.

    Um abraço, Ana.

    ResponderExcluir

Sentença

 Todo mundo vai morrer. Mas ninguém devia morrer de câncer. Porque de câncer não se morre... se vai morrendo... O gerúndio como o grande mal...