Sou minhas próprias próteses.
O carro - extensão das pernas
A lupa - extensão dos olhos
Do estômago - a panela.
O telefone para o ouvido
E conectado, totalmente: a tela.
Do medo, a unha arma
extensão do meu ódio, do meu receio.
Para cruzar a fronteira, a coleira
O abismo sem frio na barriga: o limite seco
A queda em pleno voo.
Já não há liberdade nessas asas sem imensidão.
A palavra asa
rompe o casulo desajeitada, sem direção.
A palavra asa
fora do corpo ave
tomba, ferida no chão.
Já não há liberdade nessas asas sem imensidão.
@Ana Ribeiro