quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

NONSENSE

Eu sempre ouvi:
um dia a casa cai.

Desde criança:
um dia é da caça o outro do caçador.

Antigamente:
quem com ferro fere com ferro será ferido
olho por olho dente por dente.

Parece o homem: lobo do homem,
em diálogo consigo mesmo.

Mas agora, é o barro que fala.

Quem quer ouvir?

O homem barro
enlameado até os dentes.

De volta à casa.
Para sempre ao pó.

A casa caiu.
Aos milhares.
E os dentes, e os olhos e o ferro.

O ditado velho ficou novo de novo.

A palavra gasta não serve mais.
É tarde para reconstruir.
Até mesmo os velhos discursos.
@Ana Ribeiro pela tragédia das chuvas em Petrópolis/Teresópolis em janeiro de 2011.

4 comentários:

  1. Vi você lá no DS, Ana, e voltei pra deixar um comentário. Aí tenho a agradabilíssima surpresa de já encontrár o blog no seu blogroll. Obrigada, é uma honra receber o aval de alguém que escreve tão bem. Ficarei de olho em você e no Tiago.

    Beihos

    ResponderExcluir
  2. Que surpresa. É uma honra tê-la por aqui. Ficarei muito feliz se voltar sempre.

    ResponderExcluir
  3. Ana,
    Tens estilo, tens o condão: grata surpresa poética...
    Virei mais com certeza...

    Abraço poético,
    Pedro Ramúcio.

    ResponderExcluir

Sentença

 Todo mundo vai morrer. Mas ninguém devia morrer de câncer. Porque de câncer não se morre... se vai morrendo... O gerúndio como o grande mal...