domingo, 7 de novembro de 2010

Ave louca

Ave louca
não sabia ao certo
o que era certo.

Decerto.

Sabia que não podia não querer  o que não queria.
Que não podia querer o que queria.

Não queria manto
nem teto
nem ovo,
nem ninho.

Não queria o pai,
nem o filho
não queria a mãe,
não queria a filha.
Ela. Ilha.

Queria a asa
e o vento
pouca pena
e movimento.

Queria a largura do espaço,
o vácuo
o salto,
o impacto.

Queria a vida.
A vida sem o tempo.
Queria a vida. Sem o laço do sustento.
Sem o laço que sustenta.

A dor do voo também queria
queria poder
não querer voltar.

Ave louca.
Sem juízo.
Deixas o paraíso?

Para não padecer
eu deixo.
Eu deixo o paraíso.

Ave louca.
Sem maçã, nem Adão.
Teu canto rouco
convida ao voo
para outra direção.
@Ana Ribeiro

Sentença

 Todo mundo vai morrer. Mas ninguém devia morrer de câncer. Porque de câncer não se morre... se vai morrendo... O gerúndio como o grande mal...